Ironia do destino

Faz tempo que não escrevo um pouco o que eu gostaria de dizer para esse mundinho que eu vivo, sabe?

Ultimamente ando meio sem rumo no que eu quero, ou deixo de querer... Neste último ano que se passou, as coisas parecem ter andado conspirando contra mim e ainda, sinceramente não sei o que fazer para dar a volta por cima!

Todo o plano de trabalhar num bom emprego durante o dia e buscar uma boa formação acadêmica à noite parece ter ido por água abaixo. Um ano inteiro com a sensação de ter sido em vão. Perdi ótimas faculdades e sair de um duvidoso bom emprego por forças maiores.

Estou no Zero, não passei em nenhuma faculdade esse ano (consequência de minhas decisões do ano anterior) e muito menos estou trabalhando no “emprego bom”, que nem sei mesmo como classificar um emprego sendo ou não bom, e isso me traz uma certa angústia e medo de esse ano também ser em vão. Sei que o ano está apenas começando, mas não sei o que fazer em cada novo dia que vai chegando!

Ando me sentindo burro, é isso mesmo! Burro...

Ela!!!

    É assim que tudo começa. Conhecer alguém que começa a dar sentido a alguns sentimentos para sua vida é algo que permite ver, mas não com os olhos e sim com o coração.

    Identificar os cabelos castanhos daquela garota, que alimentou de felicidade diversas horas e dias de uma vida com o toque, que faz as mãos deslizarem de uma maneira suave e prazerosa. Olhar diretamente nos olhos dela, a mulher que hoje aparenta ser muito mais experiente que tempos atrás, faz certa sensação infinitamente boa tomar conta do que costumo chamar de “Eu”.

    Determinação e coragem faz parte de algum jogo que permite com que ela seja admirada por quem a conhece, ou até por aquelas pessoas que pensam que a conhece. Será mesmo que essa garota aparenta ser capaz de fazer o que quer? Ou simplesmente é mais do que pensamos que ela seja? O que vem mesmo ao caso é o que ela merece, e que simplesmente isso não se resume a pouca coisa.

    Se for verdade que 2+5 = 7, também será verdade dizer que ela é complexa como os números, mas quando há um convívio, deciframos todos os seus valores e resultados tão rapidamente que logo concluímos que ela é fundamental para o bem estar.

    Saber o que se passa em seu mundo e conhecer as situações e segredos que contêm em sua memória pode ser algo arriscado, privacidade deve se fazer presente em tudo, mesmo que meu desejo seria invadir seus pensamentos por pelo menos um dia e fazê-la pensar em mim o dia todo, pois sua atenção vale mais que qualquer coisa que transmita felicidade e nostalgia.

    Hoje ela é uma incógnita. Seus gostos e desejos não conheço mais como antes. Seu cheiro me falha algumas vezes. O que sei é que, a felicidade a cerca, mas não sei se ela faz uso.

   Tudo que penso dessa garota que possui um céu de cor natural e realista é o que me faz admirá-la incondicionalmente. Sua forma de falar, de beijar, de dançar. Seu jeito de prender o cabelo, de sorrir ou mesmo consertar a posição dos óculos, os mínimos detalhes que a cada dia que passa me deixa com mais saudade e mais apaixonado...

Pré-Cena

Faltam 10 minutos para eu subir naquele palco e mostrar realmente o que eu sei fazer. Mas algo dentro soa como se isso não fosse apenas o que eu sei fazer. Tem mais, muito mais que movimentos e falas aleatórias, que imitam uma realidade cômica para atrair o público disposto a dar boas gargalhadas de um espetáculo colorido e cheio de luzes que fantasiam a cena.

Minhas mãos estão molhadas. É o suor! Meses de ensaios para quando chegar o momento, duvidar de minhas escolhas como se realmente eu possa ter errado e seguido um rumo totalmente contrário. É a Arte mesmo o que faz de mim um pequeno instrumento de indecisão que toca notas para todos os ares no ritmo de um apelo?

Meu corpo quer dançar, executar movimentos que para os olhos das pessoas pareça impossível. É isso! O impossível! Quero tentar isso! Enroscar e desenroscar de mim mesmo e ao mesmo tempo gritar numa nota só a melodia que meu personagem tem para apresentar.

O palco é meu escritório, e a arte é o meu emprego. Nele posso jogar pétalas no mar e em segundos, colher diamantes na mina mais rica próxima as montanhas mais altas. Posso imaginar, e recriar na realidade. Assim como crio nestas linhas um texto sobre o que estou imaginando que posso ser. Um ator, um cantor, um bailarino, UM ARTISTA...

Vida de Tango...

     Anseio que minha vida seja como uma coreografia bem elaborada de tango. A agilidade dos passos que se enroscam e desenroscam com tremenda perfeição e que nos enche os olhos de curiosidade e que nos abafam com uma vontade repentina de dançar igual.

     Desejo que minha vida seja sentimental como os dançarinos de tango. Aquela rosa vermelha que logo traduz um amor quente, fervoroso e forte. Com um amor cego e que nos deixa totalmente entregue aos braços um do outro.

   Eu quero que minha vida se transforme numa apresentação de tango. Desde o abrir das cortinas encantando a platéia que se deslumbra atentamente a todas as imagens e ações perfeccionistas que essas apresentações costumam transbordar. Até o fechar das cortinas que deixam nas pessoas o gostinho de quero mais e o sentimento de frustração por a apresentação ter chegado ao fim.

     Ahh... Eu quero que minha vida seja ágil, intensa e bela assim como o tango.

Por uma Criança.

Short novo em cima da cama. Camisa listrada no cabide.

Cabelo partido de lado e perfume escorrendo pelos dedos pequenos que vão de encontro ao pescoço.

Assim está ele, apenas de cueca azul com bolinhas brancas, contemplando suas roupas e esperando por sua mãe ir vesti-lo, ansioso pelo momento mais aguardado do dia por uma criança.